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A MOSCA VENENOSA: um texto de Virgínia Munhoz para o blog da Aliás

Virgínia Munhoz*

Fotografia de Virgínia Munhoz


A mosca venenosa

Entrou no quarto. A respiração dando grandes tropeços, por fora o corpo magrelo mal se move.

Voou a mão, pegou o revólver. Inimigo velho: “Vá buscar meu berro.” De dias ruins e dias piores. Aquele que já lhe olhou de frente, mas não lhe encontrou.

Seu alvo levantou a vista, distraído na própria superioridade, como uma aranha vendo uma mosquinha periférica.

A menina mosca voou, deu meia volta e atirou à queima roupa na mulher aranha. Silêncio. De um buraco pequeno na cabeça vaza sangue. Portas batendo. “O que voc...” Outro tiro.

A boca do progenitor aberta em um O perfeito. Ultraje e medo da morte.

A mosquinha ri montando sua cena de crime passional já se compondo como criancinha traumatizada. Duas. Dez. Cem. Pela vida inteira vezes.


***


Virgínia Munhoz


Libriana do ano do dragão, apaixonada por papel, cadernos, canetas e livros. Escreve à mão. Adora ficção científica de boa qualidade e romances baratos. Tem rinite alérgica e tatuagens. Segundo ela os personagens e o enredo das suas crônicas são baseados em fatos e pessoas reais. Será?



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